O início de uma lavoura de café, assim como de diversas outras culturas, gera uma série de dúvidas entre os produtores. E o primeiro passo para garantir o plantio de uma lavoura produtiva e saudável é a escolha da variedade ideal.
“Escolher uma variedade mais adaptada à sua região é muito importante. Por isso, nesse momento, a pesquisa precisa ser o primeiro passo do cafeicultor. Ler artigos sobre as variedades ou visitar instituições de pesquisa em sua região e ver na prática cada uma delas fará diferença,” ressalta o professor Leandro Paiva, do IF Sul de Minas, Q-Grader e Mestre de Torra.
O cuidado com o solo também está entre um dos pontos mais importantes para a efetivação do cafezal ideal. Isso ocorre porque, antecedendo a etapa de plantio, o cuidado com o solo é a oportunidade para retirar camadas compactadas através de covas fundas ou pelo uso de trator fazendo valetas profundas.
“É uma etapa para o produtor fazer a adubação correta e correção do solo para o pH e fósforo em profundidade acima de 60cm, porque depois de implantada ele não terá outra oportunidade igual para correção do solo,” explica Paiva.
O cuidado com o solo é importante para uma boa nutrição e melhor desenvolvimento da planta.
Pensar nesse cuidado com o solo também inclui trabalhar adequadamente na área em que irá realizar o plantio. Para o professor, engenheiro agrônomo e pesquisador do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), José Braz Matiello, o plantio começa com a escolha certa da área que será utilizada para o plantio.
Segundo ele, o produtor precisa considerar a área focando em alguns pontos importantes, como volume e disponibilidade de água, altitude e principalmente o clima dessa região. “Por exemplo, uma área sujeita a geadas, na parte mais baixa, com bom escoamento de ar frio. Ou seja, o produtor precisa pensar na região que é adequada tanto para o café arábica quanto para o robusta. A partir do momento que ele escolher a área, também precisa ter atenção com as pragas comuns nessa região,” destaca o pesquisador.
A localização para o plantio também irá influenciar diretamente na produtividade do cafeeiro, por isso o produtor precisa estar atento ao local, altitude e até mesmo clima da área escolhida.
O professor ainda lembra que a escolha da variedade é um passo que deve ser muito bem pensado, já que a mesma pode permanecer no local entre 20 e 50 anos. Além da adaptação para a região em que o plantio será feito, a diversidade dessas variedades também é apontada como uma importante aposta para os produtores.
“A variedade ideal que ele deve plantar deve ser bem variada. Recomendamos que cerca de 30% da lavoura seja de variedades precoces e outros 30% de variedades tardias, isso funciona muito bem. Nesse cenário, o produtor consegue escalonar melhor a colheita, iniciando nas plantas mais precoces, passando pelas médias e terminando nas tardias. Isso significa que ele vai colher a melhor quantidade de grãos maduros nesse sistema,” explica Paiva.
Vale lembrarmos que as variedades tardias, são colhidas mais tarde e as precoces que são colhidas um pouco mais cedo, antecedendo a safra.
O Brasil possui bastante diversificação de variedades que oferecem muitas possibilidades ao produtor na hora da escolha.
Ainda de acordo com Paiva ele, escolher entre variedades produtivas e variedades não tão produtivas, porém mais voltadas para a qualidade, também é uma questão que deve ser considerada pelos produtores. O professor lembra que uma maior diversidade de variedades pode garantir que problemas com pragas e doenças que podem ocorrer em algumas lavouras não ocorram em outras devido a essa diversidade.
“Temos hoje muitas variedades resistentes à praga da ferrugem, por exemplo, que é a principal doença do café, e isso ajuda muito a reduzir o custo de manejo no combate à doença,” relembra o professor.
Atualmente, as principais variedades de café são: Catuaí, Mundo Novo, que é uma variedade altamente produtiva e com qualidade de bebida excepcional. Além destas, outras 37 variedades são comumente utilizadas, como Arara, Paraíso II, Catiguá MG II, Catucaí, Rubi, Topázio e Bourbon vermelho e amarelo, devido à qualidade sensorial excepcional.
Algumas variedades irão se destacar em termos de produtividade e outras em resistência a pragas e doenças que podem surgir
O professor Matiello ainda lembra que o produtor precisa compreender as características de cada variedade, observando a resistência, o porte da planta e se ela se adapta à região escolhida. “Normalmente, o produtor encontra duas ou três variedades mais resistentes, mas ele precisa se atentar a como essa variedade vai se comportar na área escolhida. Hoje, as variedades mais procuradas são o Arara e os Catucaís, que amadurecem mais rápido e possuem alta capacidade produtiva,” destaca.
Confira a central de conteúdos Mais Agro para ficar por dentro de tudo o que está acontecendo no campo.
Deixe um comentário